O recente episódio dos desabamentos dos edifícios na rua Treze de Maio no Rio de Janeiro , nos remete indiretamente à última greve do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. Imagens desta corporação em plena atividade me trazem uma boa dose de orgulho e admiração por essas pessoas. Estes profissionais , dispostos e a postos para correr toda a sorte de risco para nos assegurar a integridade contam merecidamente com altíssima aprovação popular. O governador Sergio Cabral agora já sabe que deveria ter enfiado um coturno na boca em vez de de chama-los de vagabundos , frase que torna os eleitores do Rio de Janeiro patéticos , assim também como outros "vagabundos " como médicos e professores da rede pública de nosso estado. Fitas vermelhas e faixas nas janelas dos "civis " , em apoio à corporação e a greve , o levaram a malandramente mudar o tom , no melhor estilo " não foi bem assim".
Isto posto , agora aventuro-me a entrar em um terreno um tanto espinhoso ao explicar por que recusei-me a amarrar a charmosa fitinha vermelha no para-choques do meu carro. Creio que o apoio popular à esta greve descambou para uma certa beatificação corporativa do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, fazendo-nos as vezes agir como pais lenientes aos vacilos do filho predileto , dedicado e estudioso. Da mesma forma , esta visão parcial nos embota a percepção de deformidades que também existem nesta corporação , fruto de um modelo de formação, a meu ver equivocado , e da presença de maus profissionais que tiram proveito criminoso da militarização desta força e seu consequente direito de portar armas.
Não são raros episódios envolvendo elementos que, desvirtuados de suas missões originais , prestam-se a exercer segurança particular , policiamento e integrar grupos de milicianos . A questão é: Por que armar uma brigada de incêndio ou de socorristas? Há ganho de eficiência nesta conduta? Baseada em quê?
Não seria mais lógico , além da inquestionável necessidade de reformulação salarial , que houvesse um movimento interno para desmilitarização da corporação , o que lhes asseguraria o direito e a legitimidade da greve? Acho que nossos camaradas cometeram um sério erro ao invadir à força o quartel da corporação , portando armas e acompanhados de suas famílias ( !!!) . Uma das poucas unanimidades entre os povos através dos tempos é a proibição ao direito de amotinamento militar , por razões óbvias , norma também inquestionavelmente aplicada a todas as democracias já bem consolidadas.
Também arrisco-me a dizer que 99,99% dos bombeiros não gostariam de perder seus planos de carreira militar atualmente instituído.
Taí , questão difícil de resolver , que mais uma vez deveria envolver a corporação , juristas e a sociedade. Por enquanto , até que me convençam ao contrário vou botando lenha neste incêndio:
MELHORES SALÁRIOS
UM PLANO DE CARREIRA DIGNO
E PELA
DESMILITARIZAÇÃO E DESARMAMENTO
DO CORPO DE BOMBEIROS !
Bom fim de semana e até!